sábado, dezembro 13, 2008

Uma piquena versão dos lusíadas, adaptada ao epopeico bloqueio de estradas feito pelos camionistas em junho (lembram-se...?)

Os Camioníadas



Os camionistas com coletes assinalados,
Do parque TIR de são Domingos de Rana,
Por camiões nunca d'antes desviados,
Secaram bombas, inda além da Taprobana,
Em Piquetes e Paragens forçadas,
Mais que prometia a força humana,
Entre vias bloqueadas edificaram,
Novo caos, que tanto alimentaram.

E também das memórias odiosas,
Daqueles, que foram dilatando
o diesel, e a sem chumbo viciosa,
De Faro a Braga, andaram devastando.
E aqueles que por desvios valerosos,
Se vão da paragem libertando,
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto ajudar o engenho e a arte.

Cessem de Cabral e de Gama,
As navegações grandes que fizeram,
Cale-se de Otelo e de Maia,
A fama das ocupações que tiveram,
Que eu canto o peito ilustre Camionistano,
A quem Sócrates e Lino obedeceram,
Cesse tudo o que a CGTP antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

E vós, grevistas meus, pois criado
Tendes em mim um novo engenho mordente,
Se sempre em verso humilde não mediatizado,
Foi de mim vosso bloqueio docente,
Dai-me agora um som alto e animalesco,
Um estilo corriqueiro e fluente,
Porque de vossas estradas, a Polícia ordene
Que não travem os que não fazem greve.